Análise: Bleach (volumes 36-37)


Conforme já tinha afirmado anteriormente aqui, aqui e aqui, falarei um pouco sobre o mangá Bleach, de Tite Kubo, publicado semanalmente na Shonen Jump, um título muito popular e que chamou atenção dos leitores assíduos nesses últimos tempos pelo andamento que a história tomou. Antes de mais nada recomendo (pra quem não viu ainda) assistir a Yu Yu Hakusho e perceber a grande semelhança que essas duas obras possuem, pois tratam de temas semelhantes, ou seja, espíritos e coisas sobrenaturais.


ATENÇÃO: Essa matéria contém Spoilers (revelações) sobre a história. Se você não leu ainda, por favor não continue! Este blog não se responsabiliza pelas consequências.

Para quem já viu no título, nesse post falarei sobre dois volumes de uma vez, pode ser que um ou outro detalhe passe batido, se isso acontecer poderemos fazer uma disussão sobre o mesmo para não ficar esse vácuo. Como dito anteriomente, o foco será sobre os eventos ocorridos entre a Saga do Passado (volume 36, capitulo -108, episódio 206) até o desfecho da Batalha contra o Aizen (volume 48, capítulo 423, episódio 310). Mas, antes de abordar tudo isso, vamos nos situar onde a história parou: 

Capítulo 315 - March of the Death (Marcha da Morte) 


Este é o capítulo de preparação para a chamada Batalha de Inverno, realizada na Cidade Falsa de Karakura, pois a verdadeira foi transportada por Urahara para a Soul Society para facilitar a liberação de poderes de todos os integrantes do Gotei 13, além de proteger os cidadãos do caos que foi formado. Até este ponto, Bleach estava indo muito bem, já estava mais do que na hora dos combates mais esperados da série ocorrerem, sem falar das lutas que aconteciam desde a invasão de Ichigo e seus amigos ao Hueco Mundo para resgatar a tonta da Orihime (é, eu não gosto dela, principalmente nessa fase melancólica dela). A expectativa que foi gerada nesta fase no mangá foi muito grande, porém nem tudo saiu como previsto, deixando os fãs muito decepcionados.


VOLUME 36 - TURN BACK THE PENDULUM


Acho que foi um bom momento para mostrar a Saga do Passado envolvendo os Vaizards e os Shinigamis, porque se não fosse nessa transição de situação poderia acontecer no meio de uma batalha em que o personagem começou a lembrar do que aconteceu anteriormente, e isso seria totalmente anti-clímax. Tudo começa quando os Vaizards faziam parte do alto escalão da Soul Society, a 108 anos atrás em relação ao tempo atual da história. Vemos muitos personagens jovens e em posições não imaginadas até então. O bom humor é bastante presente, principalmente com a relação entre Shinji e Hiyori, aspecto esse que permanece até hoje. O que realmente surpreendeu foi ver Aizen como tenente de Hirako, uma combinação que aparentemente dava certo.

Foi bem legal ver os vaizards como eram antigamente, mostrando que eles tinham posições importantes, tanto que as relações entre eles não mudaram muito, alterou-se mais a aparência e outros aspectos que veremos futuramente. Ver o Urahara como um capitão e ainda mais atuando como um cientista (não que ele tenha parado com essa atividade) foi interessante, e para completar a relação engraçada que ele tem com a Hiyori, o que rende algumas risadas quando eles estão juntos. Com mudanças de alguns postos na Seireitei, principalmente pelo anúncio de aposentadoria da capitã do 12º Esquadrão, Kirio Hikifune, surge um dos grandes mistérios da série até o momento (e olha que são poucos ainda que não tem respostas), o que parecia uma retirada revelou-se uma promoção para um cargo muito acima do atual, pois ela foi promovida para o Esquadrão Zero (ou Guarda Real), uma integrante da guarda pessoal do Rei do Mundo Espiritual. Não tem como não ficar curioso com essa ponta sobre o Esquadrão Zero, elemento pouco citado e explorado até hoje na história, provavelmente futura saga no mangá; e justamente esse ponto levanta a questão sobre os objetivos do vilão da série, que é a criação da Chave do Rei, mas não se sabe ao certo para que serve isso e o que/quem vem a ser o manda-chuva da Soul Society e seu esquadrão.

De volta a história, em pensar que existia uma prisão escondida, sob comando da Segunda Divisão e que lá encontraria-se um dos personagens mais bizarros da série, Mayuri Kurosutchi, além disso, ver o Urahara convidar o cara para participar da criação de uma divisão de desenvolvimento tecnológico naquele mundo aparentemente “atrasado”, que hoje é comandada pelo próprio Mayuri, foi interessante. Enquanto isso, é incomodo  ver quanta confiança as pessoas tem no Aizen, serve até como uma lição de vida esse tipo situação, nunca devemos confiar, acreditar, esperar e superestimar tanto de uma pessoa se conhecê-la direito, porque podemos nos frustar e quebrar a cara (o que aconteceu com os Shinigamis).

E agora vem a parte que o Kubo começa a escorregar bonito no sabão, que é todo esses desaparecimentos de shinigamis, que deixavam só as roupas de presente para quem passava pela região. Esse mistério todo começa a ser descoberto quando o velho Yamamoto envia os capitães para o local, mas eles acabaram virando vítimas de uma “hollowficação”, enquanto que Urahara se dirige ao local para ver se o que está acontencendo.


Eis que surge Aizen, o provável responsável por aquela situação, mas o motivo em específico por todos esses fatos virá no próximo volume. Enfim, esse volume apenas focou-se na Saga do Passado e tem mais alguns capítulos desse flashback no volume abaixo. 

VOLUME 37 – BEAUTY IS SO SOLITARY


A aparição de Aizen parecia algo prevista pelo Shinji, mas se ele sabia que o cara era tão perigoso, porque não se livrou dele? Veja só como o Kubo gosta de elevar a figura desse vilão, a partir daqui temos um endeusamento desnecessário sobre ele, sabemos que o Aizen é inteligente e faz planos excelentes como foi no começo do mangá quando ele enganou todo mundo direitinho com seus poderes de hipnose e tal, mas não precisa puxar tanto a sardinha dele.  E diante da discussão, Hirako e os outros começam a se transformar em hollow sem nenhum motivo aparente até que temos uma surpresa.

O encontro entre Urahara e Aizen era algo muito esperado desde a citação do Hougyouku e o interesse descarado do vilão, porém o que não ficou muito claro em toda a questão foi a transformação repentina dos shinigamis em hollows (ou arrancars), pois não tem como ter sido um test drive da bolinha de gude do Urahara que foi criada posteriormente e o Aizen nem sabia de sua existência até então. Então, encontramos uma falha técnica estranha e quase imperceptível do autor, porque o Aizen começou a fazer experiências sem nem ao menos explicar o meio disso, sinceramente não lembro dele falando disso, se alguém que está lendo souber como é ou se vai ser explicado nos próximos volumes me avisa. Com essa brincadeirinha, o Urahara que ficou responsável em tentar salvar as vítimas através da bolinha de gude que ele criou. O cientista é um dos meus personagens favoritos e foi um dos mais importantes nessa parte, ele sempre foi um cara bem misterioso e que causa muitas dúvidas quanto o que ele realmente tem como objetivo.

Outro dos aspectos incômodos ao meu ver é essa política da Soul Society, principalmente a Central 46 que toma decisões incoerentes e muitas vezes injustas, porque sair punindo os envolvidos nessa confusão dos shinigamis desaparecidos foi muito fácil, apurar os fatos que é bom nada, mas enfim, acho que nessa época eles já estavam hipnotizados pelo Aizen. Outro ponto que não gostei até então foi essa coisa de fazer o Aizen um inimigo tão manipulador, claro que ele planejar todos os passos de seus planos e prever os problemas que ele pode ter é interessante, tanto que na Saga da Soul Society ele foi brilhante e tudo funcionou ao seu favor, o que foi uma grande sacada do Kubo, mas fazer o cara adivinhar o que tudo e todos vão fazer e sempre as coisas funcionarem ao seu jeito torna o personagem manjado e acaba desgastando o mesmo e a trama.


Após essa imersão no passado, voltamos para a Batalha de Inverno, que tem início com o velho Yamamoto isolando o Aizen do combate através da sua espada de fogo, a Ryuujin Jakka, só para esticar ainda mais os capítulos e a espera dos leitores pelo embate do Ichigo com Aizen (se não nem teria motivos para o cara ser o protagonista da história), para quem nunca percebeu ou não está muito acostumado a mangás do gênero de batalha, é muito comum nos momentos de lutas e torneios, os autores esticarem ou usarem um maior número de personagens para entrarem em combate, fato este que acaba rendendo muitos capítulos, muitos volumes e muito dinheiro para a editora que publica a revista em que a obra é serializada.

O Kubo alternou bem nas frentes de batalha, mostrando um pouco do que acontece no Hueco Mundo também, com o Ichigo no momento que ele encontra e começa sua batalha com Ulquiorra no Las Noches, mas deixaremos para discutir essa batalha e suas motivações no volume certo. Enquanto isso, os shinigamis tem que proteger os pilares da Cidade de Karakura Falsa, para que a cidade verdadeira não seja transformada em ingrediente para a Chave do Rei. Essa foi uma ótima alternativa que o Gotei 13 e o Urahara encontraram para não afetar a população, que foi transportada para um pedaço do Rukongai. Os protetores dos pilares são vice-capitães que já conhecemos bem, acho que nessa parte poderia ser alguns capitães mesmo para não ficar enrolando muito, porém acabou não sendo dessa maneira.


A primeira batalha é do Yumichika contra o fracción Charlote CoolHorn, e sem dúvida é uma das lutas mais escrotas e ridículas que já vi, que mais parece uma luta entre duas mulheres que discutem qual é a mais bela (ambos são muito afeminados para não dizer outra coisa...), felizmente essa coisa deprimente não durou muito já que o fracción do Barragan se enfezou por ter perdido umas mechas de cabelo e já foi com tudo pra cima do Yumichika que revelou ter um poder diferenciado do que seu esquadrão exige. Isso é muito sem noção, o personagem tem uma habilidade que poderia colocá-lo em uma posição melhor, mas não quer se expor por puro egoísmo e orgulho, aff...


Essa luta foi rápida e inútil, então espera-se que as próximas batalhas sejam melhores e que não enrolem tanto. Abaixo vou deixar duas capas coloridas de capítulos que são bonitas e bem desenhadas pelo Kubo, que melhorou bastante seu traço desde o início da série:



Lembrando que Bleach é publicado no Brasil pela Panini Comics e os volumes analisados nessa matéria já foram publicados. Se você gosta da história e tem condições financeiras, adquira o produto e incentive a produção do autor.

Gostou do post? Em caso de dúvidas, críticas e/ou sugestões para melhorar a análise dos próximos volumes, deixe seu comentário.

Até o próximo volume!

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