Análise: Kekkaishi (volume 2)

Autora: Yellow Tanabe 

Gênero: Ação, Comédia, Drama, Romance, Sobrenatural 

Perído de Publicação: 2003 - 2011

Serialização: Weekly Shonen Sunday (Editora Shogakukan) / Panini Comics 

Número de volumes: 35

Sinopse: Embora Yoshimori e Tokine briguem muitas vezes, eles lutam lado a lado contra as ayakashis todas as noites. Quando os dois enfrentam Yomi e seu monstro de estimação Yoki, a parceria fica ameaçada. Eles podem trabalhar juntos para proteger a escola das garras do monstro sedento de poder e manter seus colegas seguros?

ATENÇÃO: Essa matéria contém spoilers (revelações) sobre a história. Se você não leu ainda, por favor não continue! Este blog não se responsabiliza pelas consequências.

Para você que estava esperando pela análise do segundo volume de Kekkaishi já vou avisando que a periodicidade da postagem mudou, tudo porque a publicação do título que era mensal passou para trimestral, ou seja, daqui uns 6 ANOS a coleção será completada para aqueles que compram os volumes brasileiros. Para não ficar muito tempo sem publicar as análises, decidi colocar sua periodicidade para bimestral, o que não prejudicará quem está começando a acompanhar a saga de Yoshimori, sem falar que consigo manter uma regularidade mais constante aqui. Se tudo der certo no mesmo mês que o volume 35 for publicado daqui a alguns anos, a análise sairá no mesmo mês, até lá pode acontecer muita coisa... Enfim, deixo o registro aqui da minha revolta com essa opção da Panini em fazer essa alteração sem avisar previamente e deixar todo mundo esperando mais de três meses sem nenhuma satisfação! Já está nas bancas o volume 13, foi onde o anime parou e começa o material exclusivo. 

O personagem destaque deste volume sem dúvida foi a Tokine, ele começa com um flashback muito interessante sobre seu passado, onde é apresentado o pai da moça, que apesar de não ser um sucessor legítimo, lutava para proteger Karasumori e sua família. Aparentemente ele não parece ser tão forte, fato este consolidado mais a frente do capítulo quando ele aparece mortalmente ferido e trazido por dois shikigamis muito bem moldados de um integrante da família Sumimura. E para surpresa aparece a mãe de Yoshimori, com certeza a Tanabe guarda algo muito grande para ela, tanto que nem mostrou todo o seu rosto, não sei se ela tem algum envolvimento com a morte de Tokio, mas acredito que tenha sido a partir daí que surgiu essa rivalidade entre a família Yukimura e Sumimura, tanto que o recado do pai da Tokine para não se descuidar reforça mais ainda essa suspeita. 

Fatos passados a parte, uma mulher chamada Yomi Kasuga surgiu a mando de uma tal Urakai, que nada mais é do que uma organização de paranormais que não receberam títulos de família (como os sucessores legítimos), sendo dividida em vários grupos responsáveis por determinados casos, vamos falar dela mais para frente. Não demorou muito e a Yomi revelou seus objetivos, que era fortalecer o seu monstro de estimação, e aqui entra uma das questões bem abordadas pelo volume: o que se precisa fazer para ficar forte? O pai da Tokine era fraco, mesmo assim ele dedicava-se ao máximo para cumprir seu dever. Muitos procuram maneiras fáceis de se fortalecer, mas esquecem que para se conseguir algum objetivo o esforço é o primeiro passo. O jeito do Tokio irritou profundamente a domadora de monstros, que sofreu muito por adotar uma ayakashi fraca, na qual ela se simpatizou, em vez de se preocupar com a força física. 

Um detalhe que veio a tona é o tamanho da responsabilidade de Yoshimori e Tokine como kekkaishis, que mesmo protagonistas, não são fortes o suficiente para enfrentar uma situação extrema, fazendo com que reforços como os seus avôs sejam essenciais. O problema é que eles podem demorar muito para chegar ao local, até lá uma desgraça bem grande pode acontecer, um grupo de suporte no momento é muito importante para que Karasumori não seja tomada. Ainda falando sobre a dupla em combates, vemos uma caracterização maior entre o estilo de cada um, enquanto que o Yoshimori tem poderes latentes, a descendente da família Sumimura precisa controlar suas habilidades com cuidado, já que ela não tem uma mesma quantidade de poder que o rapaz, isso faz com que a dupla se complemente, bem relação entre homem e mulher: ela pensa, ele age. 

O Yoki ficou tão vislumbrado com o tamanho poder que obteve no terreno sagrado, que até esqueceu da sua adorada domadora, essa dica vale para qualquer um: quando não estamos preparados para receber alguma coisa, perdemos totalmente a noção e esquecemos as origens, o que tivemos que passar para chegar naquele ponto e, principalmente, quem nos ajudou nos momentos difíceis, foi isso o que aconteceu com o monstro. Isso também lembra que ser forte é ser independente, algo que depende de suas motivações e objetivos, não somente de um lugar ou poder externo que melhore suas habilidades. A situação foi bem colocada pela autora. A admiração e respeito que a Tokine tem pelo pai encerra esse mini-arco, ressaltando que fracassado não é aquele que é fraco, e sim aquele que não luta para proteger o que é importante para si, isso vai de encontro com a história de proteger o terreno sagrado que eles nem conhecem, tudo porque as famílias o consideram importante. 

As dificuldades dos protetores de Karasumori acabaram depois que os reforços da Urakai chegaram e estraçalharam o Yoki. Agora falando um pouco mais sobre a organização, deu para perceber que será um foco de conflito essa relação entre os kekkaishis e organização, não será não improvável de surgir uma guerra por Karasumori envolvendo os dois. Nesta primeira parte do volume, a história andou muito bem, conseguiu expandir mais seu universo não se limitando apenas caçadas noturnas bobas, algo muito maior está por trás do mistério do terreno sagrado, é uma situação semelhante ao mistério de One Piece, que dura há mais de 14 anos e ninguém imagina o que seja, o autor não deu nenhuma pista muito específica até hoje. Os membros da Yagyou (Peregrinos Noturnos) acham o lugar perigosamente interessante, Tokine acha terrível, Yoshimori não acha nada... uma coisa estranha é que o lugar fortalece apenas as ayakashis e os espíritos, o poder não tem efeito nos kekkaishis e pessoas normais.

Na segunda parte do volume voltamos ao dia-a-dia dos personagens e o caso de uma cerejeira que floresce fora de época, abrindo espaço para uma nova personagem na trama chamada Yuri Kanda, que possui uma aguçada sensibilidade espiritual, lembrando Kuwabara de Yu Yu Hakusho, que podia sentir espíritos, mas não os via até que suas habilidades foram desenvolvidas. Ainda sobre a cerejeira, as palavras de Madarao soaram como uma pista para descobrir o que vem a ser o lugar sagrado, apesar de ser muito vago para se formar uma idéia. 

Essa mini-história da Kanda levantou também a questão de aceitar ou não o fato de ter algum aspecto diferente das outras pessoas, nesse caso os poderes espirituais, o próprio Yoshimori passou por esse dilema de não querer aceitar ser um kekkaishi até que a Tokine se feriu gravemente e ele percebeu que não poderia deixar aquilo acontecer novamente com ninguém, então decidiu assumir a responsabilidade de protegê-la e cuidar da escola. 

Para concluir, este volume 2 expandiu as possibilidades que a história pode tomar, apresentou questões e personagens interessantes, isso sem falar que não deixou de lado o bom humor e as histórias cotidianas que são pontos característicos da série. Kekkaishi não tem lutas insanas, nem desenhos fora de série, mas prima pelo bom roteiro e detalhes importantes sobre os personagens. O que diferencia um mangá de outro é o quanto os pontos positivos se sobressaem dos negativos, nenhuma história é perfeita, mas se ela consegue ser coerente e bem planejada, as falhas não terão tanta atenção, e neste ponto o mangá de Tanabe está indo bem melhor do que vários títulos mais populares.

No preview do volume 3 vemos um cão negro, que provavelmente contará mais sobre o passado de Madarao, para esclarecer as dúvidas de Yoshimori sobre a origem do espírito. 

Gostou do post? Em caso de dúvidas, críticas e/ou sugestões para melhorar a análise dos próximos volumes, deixe seu comentário.

Até o próximo volume!