Análise: Kekkaishi (volume 1)


Autora: Yellow Tanabe
Gênero: Ação, Comédia, Drama, Romance, Sobrenatural
Perído de publicação: 2003 - 2011
Serialização: Weekly Shonen Sunday (Editora Shogakukan) / Panini Comics 
Número de volumes: 35

Sinopse: Yoshimori Sumimura é um Kekkaishi - um mestre de barreiras invisíveis! Ele e sua amiga de infância, Tokine Yukimura, fazem parte de clãs rivais de kekkaishis, que têm o dever de proteger um certo lugar há 400 anos, que, hoje, é a escola onde ambos estudam! À noite, espíritos de todos os tipos são atraídos pela escola e possuem uma única intenção: ganhar poder! Como guardiões do lugar, Yoshimori e Tokine utilizam técnicas especiais para combater esses espíritos! Mas não são somente os espíritos que se interessam pelo terreno dessa escola: há muitos paranormais que não veem os kekkaishis com bons olhos!

ATENÇÃO: Essa matéria contém spoilers (revelações) sobre a história. Se você não leu ainda, por favor não continue! Este blog não se responsabiliza pelas consequências.


Começando a análise do melhor título lançado aqui no Brasil em 2010 e um dos melhores em publicação, minha história com Kekkaishi iniciou-se dias antes do lançamento do mangá, assisti o anime não esperando muita coisa, mesmo porque a série era bem desconhecida, porém acabei me surpreendendo com o desenvolvimento da trama e o carisma dos personagens, pontos fortes do mangá. Hoje é um dos títulos que mais tenho expectativa para ler, isso porque a Yellow Tanabe (é mulher para quem não sabe) conseguiu construir uma história simples, simpática e que não se prendeu a resultados de vendas ou popularidade com leitores. Essa era do mangá comercial (que tem como precursor o Dragon Ball na Shonen Jump) poda muitas séries com potencial por não conseguirem resultados expressivos nas vendas dos volumes encadernados e outros produtos derivados, se Kekkaishi fosse publicado na Jump provavelmente não alcançaria 35 volumes como foi na Shonen Sunday. Felizmente, o título estava em uma revista tão tradicional quanto a Jump e mais flexível, que não pressiona tanto seus autores por resultados financeiros. A minha expectativa quanto a essa obra é que a autora na perca a mão do enredo, caso isso não aconteça, com certeza Kekkaishi estará no hall dos mangás memoráveis por ter durado o bastante para ter qualidade e não para agradar os bolsos da editora ou por popularidade com seus leitores.


Chega de enrolação e vamos ao que interessa! O primeiro capítulo de qualquer mangá é muito importante, pois nele três pontos geralmente são observados: a apresentação do universo da série, a personalidade do protagonista, e principalmente, o objetivo do personagem principal. Aqui os três aspectos foram respeitados, mesmo que o objetivo do Yoshimori proteger a Tokine seja muito simples e clichê, não deixa de ser um. Inclusive é interessante ver o quão fraco e medroso é o herdeiro dos Sumimura, sua fragilidade é tanta que chega a ser uma inversão de gêneros, já que a moça tem mais atitude e protege o garoto em situações mais arriscadas. O grande dilema é que o Yoshimori não quer ser um kekkaishi para proteger Karasumori (que é um mistério da série, pois não se pode afirmar o que realmente é esse terreno sagrado), é algo normal uma criança não querer fazer algo que os pais/família a obrigam sem uma devida explicação, aí entra quem é mais tradicional ou mais flexível com os desejos dos filhos. Esse fato de não querer ser um sucessor legitimo é terrivelmente discutido e deixa o avô do garoto, Shigemori Heihachi, indignado, pois ele não tolera tamanha “rebeldia” do neto, que nega a tradição familiar. Em contrapartida, os dois juntos protagonizam cenas muito engraçadas.


A relação entre as famílias Sumimura e Yukimura mais parece de rivalidade do que um ódio mortal, mesmo assim parece que aconteceu algo no passado que gerou tal atrito entre eles, pois é de se estranhar pessoas que tem o mesmo dever de proteger um lugar não terem uma relação mais agradável e estreita.


Quanto ao Kekkai jutsu (técnica de mestre de barreira) é uma habilidade bem diferente do que estamos acostumados a ver nos mangás de fantasia, foi uma sacada bem criativa da autora, tanto que tem uma explicação bem didática sobre sua utilização, provavelmente ela deve explorar variações da técnica para não ficar muito repetitivo (como o Getsuga Tenshou do mangá Bleach), ataques muito randômicos irritam qualquer leitor. Os Shikigamis também são coisas interessantes, lembram o Kage Bunshin no justu do Naruto, porém aqui a capacidade e forma dependem do poder do mestre, se no início vemos o Yoshimori fazer vários bonequinhos mais para frente vemos um shikigami mais sofisticado com aparência e ações quase independentes, tem jeito de ser uma técnica que será aperfeiçoada com o tempo.


Espera-se que os eventos não fiquem tão presos a escola, as batalhas precisam acontecer em outras localidades, um detalhe que achei muito bacana foi que as ayakashis só atacam a noite, portanto as batalhas acontecerão no mesmo período. Depois que a Tokine se feriu gravemente para salvá-lo, Yoshimori tomou vergonha na cara e escolheu que se tornar mais forte seria o bastante para defendê-la, isso será o maior desafio do personagem durante a história, nem sempre será possível vencer todas as batalhas, portanto essa evolução acontecerá gradativamente. Outro detalhe importante de Kekkaishi são suas batalhas, completamente estratégicas e que exigem um planejamento e execução ágeis diante das situações, nesse início não é tão complexo de se fazer contra ayakashis fracas, porém quando a situação se complicar é que descobriremos até que ponto vai a capacidade de um kekkaishi.


Hora de falar um pouco da personalidade do Yoshimori, não achei ele um personagem sensacional, nada de excepcional, mas isso não quer dizer nada, no decorrer da série ele pode melhorar (ou piorar). Seu vício em café com leite (coffee milk) em caixinha, sua paixão por doces, os sentimentos que ele tem pela sua amiga de infância e suas expressões engraçadas são as características mais marcantes.


Quanto a Tokine, percebe-se que ela tem uma personalidade bem forte, que tem como objetivo fazer o seu melhor para cumprir com o dever familiar de proteger Karasumori, mesmo que seus poderes sejam limitados em relação ao do descendente dos Sumimura. A relação entre eles é aquela amizade de infância (pelo menos por parte dela), apesar que agora a moça esnoba o Yoshimori por ele não ser tão determinado e otimista quanto a suas obrigações, e ele sente algo a mais a respeito dela, mas não está tudo muito claro nesse momento, ainda há muito a se desenvolver nesse aspecto.


Além disso, o volume mostra o cotidiano dos personagens, em casa, na escola e trabalhando como kekkaishis durante a noite. Mostrou também duas histórias curtas, uma com um espírito humano sendo possuído pelo poder do lugar sagrado e outra com uma ayakashi controlando um professor do colégio, tudo para fazer o leitor se identificar mais rapidamente aos personagens. Nesses acontecimentos, uma situação chamou a atenção: a irritação do Yoshimori quando perguntaram sobre o pai da Tokine, provavelmente aconteceu algo muito ruim envolvendo ele e isso deve causar muita tristeza para a moça. Vamos ver quando essa questão será aprofundada.


Muitos ficam desconfiados ou até desistem de ler o mangá por não ter batalhas insanas, alternar bastante entre ação e situações de cotidiano e ter uma narrativa mais lenta que outras histórias, mas é uma leitura bem leve, descontraída e que sabe a hora de apresentar situações mais sérias. Os pontos que contam a favor é que a série tem um bom ritmo, foi concluída este ano no Japão e está sendo publicada aqui no Brasil pela Panini Comics, que faz um trabalho impecável, com um preço excelente, contra-capa colorida, tradução adequada, além dos comentários e extras que a autora deixa para seus leitores.

Ufa, Quanta coisa só no primeiro volume! Imagine o que virá nos próximos da coleção? Bom, encerro o post com um dos melhores quadros do volume, quando o Yoshimori intimidou aquele espírito humano a sair da escola. Observando tanto capricho da autora, Kekkaishi tem muito a oferecer para aqueles que se interessam a ler essa história bacana! 


Gostou do post? Em caso de dúvidas, críticas e/ou sugestões para melhorar a análise dos próximos volumes, deixe seu comentário. 

Até o próximo volume!

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